Artigo de opinião de Miguel Araújo, Chefe de Gabinete CM Vila Nova de Famalicão
O País viveu em fevereiro deste ano um momento de catarse coletiva quando o Ministro da Economia afirmou o ululante óbvio reconhecendo e intitulando Famalicão, Braga, Guimarães e Barcelos como “o grande polígono industrial”.
Senhor Ministro da Economia, a Comissão Europeia também o sabe. Por isso mesmo atribuiu este mês, através do Comité das Regiões, o título a Vila Nova de Famalicão de Região Empreendedora Europeia 2024. Título este atribuído a Famalicão, e que se estende naturalmente a toda esta região, representando a história, a memória, a tradição, mas sobretudo a resiliência e a capacidade de inovação desta região que muito produz e muita riqueza gera para a economia nacional.
Mas há 20 anos que a economia Portuguesa não cresce ou pouco cresce. Embalados pela ideia absolutamente errática de que nos países desenvolvidos devia prevalecer o setor terciário (serviços) provocou desde o início do século e agudizado pela crise de 2008 constrangimentos de natureza económica e social a Portugal, com epicentro no Norte e particularmente na região do Minho. Constatada esta malograda ideia, evoluiu-se para uma estratégia de reforçar o peso da indústria no PIB através de um processo de reindustrialização e reestruturação da economia com uma transferência de recursos do setor não transacionável para o setor transacionável.
Famalicão, por intermédio do poder público, empresas e centros tecnológicos e de investigação tem trilhado este caminho, mas com a perceção de que é possível ir mais longe. É pois, imperioso, olhar para estes territórios com a atenção que o seu trabalho e potencial de crescimento merecem, empreendendo medidas e reformas que removam os denominados custos de contexto e que dependem de decisões de natureza política interna, para que não percamos o comboio do desenvolvimento económico e social da “bitola europeia”.