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Medir o impacto do conhecimento

Medir o impacto do conhecimento

Artigo de Manuel António Assumção, reitor da Universidade de Aveiro, publicado no Jornal de Notícias

A importância do conhecimento tem vindo a ser reconhecida e apropriada por crescentes (amplas/largas) camadas da população. Ao que vem associado o modo positivo como as Instituições de Ensino Superior são, em geral e crescentemente, encaradas. Estamos já longe de leituras menos favoráveis que, ainda há pouco, eram frequentes entre nós. Para tal concorre, também, a transparência com que as Universidades levam a cabo a sua missão, sendo hoje as entidades mais escrutinadas da sociedade portuguesa: Ministério das Finanças, Tribunal de Contas, Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Auditores Europeus, Agência de Acreditação e Avaliação do Ensino Superior, Fundação para a Ciência e Tecnologia, a par de órgãos internos como o Conselho Geral e o Fiscal Único, entre outros, todos olham para o que é e como é feito. Num mundo muito dominado por episódios menos abonatórios, conta, igualmente, a forma como as Universidades Públicas Portuguesas têm sabido fazer uma gestão rigorosa dos financiamentos que recebem, sem escândalos ou casos de corrupção assinaláveis. A que acresce a abertura à sociedade que as rodeia e a captação de fundos complementares que, através de actividade relevante, as Universidades têm sabido levar a cabo. As Torres de Marfim têm as suas portas já bem franqueadas!
Existe a percepção de que as Universidades vêm educando e formando com superior qualidade – basta ver o que dizem sobre a qualidade dos engenheiros portugueses, os gestores das maiores empresas ou o sucesso e a aceitação que, na generalidade, os profissionais portugueses colhem no estrangeiro –; de que vêm desenvolvendo investigação de crescente relevância, como se documenta nos rankings ou nas patentes protegidas; de que vêm trabalhando, cada vez melhor, no domínio da cooperação com a sociedade, como são evidências o maior número e alcance de projetos com a indústria ou as autarquias e a incubação de novas empresas. Mesmo sendo tudo isto verdade, mantém-se a necessidade de trabalharmos para ser possível medir melhor, quantificar ainda mais, o contributo das Universidades: impacto na economia e na criação de riqueza, mas também na área social e, em particular, na cultura, cada vez mais decisiva no desenvolvimento de sociedades mais humanizadas e com melhor qualidade de vida.
Com a densificação e a quantificação mais efectivas desse impacto ganharemos todos: as Universidades, porque será majorada a sua importância aos olhos de cada um, com o consequente acréscimo de condições que lhe serão proporcionadas para aprofundar a sua missão; e, em resultado disso, a sociedade em geral, afinal de contas a única razão de ser das Universidades.



Ao mesmo tempo, uma colecção deve apontar também ao futuro. O Centro de Estudos de Jazz, que foi possível dinamizar a partir do acervo, vem induzindo o estudo e consequente desenvolvimento do saber sobre o jazz, inclusive através de doutoramentos; e, por meio de outras acções e iniciativas, vai fazendo acontecer jazz, no tempo actual.

O valor potencial de uma nação mede-se, sempre, pela educação e pela cultura. Precisamos, por isso, de mais exemplos como o de José Duarte. Entretanto, não se esqueçam, o programa "cinco minutos" continua.


Resolveu José Duarte que o seu serviço à cultura, e já seria enorme, não se quedaria por aqui. A somar ter sido professor na Universidade de Aveiro, teve a visão e a generosidade de doar a esta todo o acervo que reuniu nas largas décadas do seu encantamento com o jazz. Os acervos e espólios são fundamentais, desde logo, para a melhor divulgação da área temática a que respeitam. Contudo, através do seu tratamento profissional, classificação e arquivo, significam também muito em termos da preservação de documentos e objectos: essencial, neste caso, para o enriquecimento de um olhar histórico sobre a estética associada a uma área, tão sedutora, da música; mas, igualmente, para o conhecimento das singularidades do seu percurso, para perceber melhor outras culturas e outras gentes, para documentar a evolução social e política que, em paralelo, foi decorrendo. A salvaguarda de património, tantas vezes ameaçado por atitudes estreitas de o ver como coisa velha e sem préstimo, é determinante na construção da nossa memória coletiva.

Ao mesmo tempo, uma colecção deve apontar também ao futuro. O Centro de Estudos de Jazz, que foi possível dinamizar a partir do acervo, vem induzindo o estudo e consequente desenvolvimento do saber sobre o jazz, inclusive através de doutoramentos; e, por meio de outras acções e iniciativas, vai fazendo acontecer jazz, no tempo actual.

O valor potencial de uma nação mede-se, sempre, pela educação e pela cultura. Precisamos, por isso, de mais exemplos como o de José Duarte. Entretanto, não se esqueçam, o programa "cinco minutos" continua.

Manuel António Assunção, Reitor da Universidade de Aveiro