
Com a recente adesão de Esposende, Felgueiras e Vila do Conde, a entidade passa a ser constituída por 39 municípios e 2 Diputaciones o que, segundo o secretário-geral, sustenta a força da entidade num momento chave para a resiliência das cidades. A Assembleia-Geral homenageou as vítimas da guerra da Ucrânia com um minuto de silêncio, conflito que completa um ano
A XXXI Assembleia Geral do Eixo Atlântico realizou-se em Lugo onde se aprovou um orçamento de mais e 4 milhões e meio de euros.
A criação das Comissões Políticas derivadas do debate da Conferência de Presidentes, realizada em Pontevedra em 2020 para analisar os impactos da pandemia, produziu em 2022 os seus primeiros resultados.
A Comissão Política de Economia promoveu o primeiro relatório Socioeconómico do Eixo Atlântico dirigido pelo codirector do relatório Socioeconómico da Galiza, Fernando González Laxe, e que será atualizado todos os anos.
A Comissão Política de Inovação Social concluiu o primeiro Mapa de Coesão Social de um sistema urbano transfronteiriço, assim como a primeira agenda de medidas para combater a crise demográfica e fixar população no interior.
Por sua vez, sob a alçada da Comissão Política de Sustentabilidade Urbana, foi concluído o Plano de Sustentabilidade Urbana e realizada a primeira fase do Plano de Descarbonização das cidades do Eixo Atlântico.
O segundo grande eixo foi a internacionalização do Eixo Atlântico com a última fase do projeto Fronteira da Paz, na fronteira do Brasil com o Uruguai, o que culmina na realização da primeira Agenda Urbana Transfronteiriça do Mercosul, elaborada por especialistas galegos e portugueses, e a criação do primeiro Gabinete Binacional Transfronteiriço do Mercosul.
No terceiro eixo continuaram a desenvolver-se as ações de mais envolvimento dos cidadãos no âmbito do desporto, da cultura, da educação e do turismo. Na área do desporto, realizaram-se os Jogos do Eixo Atlântico, realizados na Maia com mais de 2.300 participantes, o maior número até à data em 14 edições. No campo da Cultura, realizou-se a Bienal de Pintura, que este ano incorporou, como novidade, a possibilidade de ser visitada virtualmente. No que respeita à Educação e ao Turismo, organizou-se em Ferrol a Mostra Musical de Jovens Intérpretes e a Feira de Expocidades. Outra ação que teve muito êxito, no âmbito da cultura e da educação, foi a publicação da banda desenhada da História da Eurorregião.
Por último, mas não menos importante, no que diz respeito às infraestruturas, continuou-se com o lobby a ambos os governos relativamente à linha Ferrol – Corunha – Lisboa. Neste âmbito, a boa notícia foi o compromisso indiscutível do governo Português e, finalmente, conseguiu-se que o governo de Espanha licitasse a Saída Sul de Vigo (um dos dois troços pendentes na fronteira portuguesa, que estava paralisado há mais de uma década).
Atualmente prosseguem os trabalhos de gestão da linha norte Ferrol- Corunha / Lugo-Monforte, tanto no que diz respeito à variante Rubián como a sua inclusão, já comprometida do Governo de Espanha, no Corredor Europeu do Atlântico.
Objetivos 2023
Entre os eixos principais destacou a ideia de reforçar o conhecimento para o desenvolvimento onde uma das novidades será a elaboração de um relatório de Economia Social e um sistema de inovação transformador.
Entre os principais eixos, a presidente do Eixo Atlântico e alcaldesa de Lugo, Lara Méndez, destacou que “o ano de 2023 será um ano de continuidade dos programas já iniciados, com particular destaque para três ideias: reforçar o conhecimento para o desenvolvimento que já estamos a articular através das diferentes comissões políticas; continuar com o impulso para a sustentabilidade na luta contra as alterações climáticas, para o qual trabalhamos a partir da Agência de Ecologia Urbana com a implementação do Pacto Verde Europeu, a Nova Bauhaus ou as medidas energéticas que a Comissão Europeia está a implementar e; finalmente, através do programa "Uma Eurorregião de cidadãos, pelos cidadãos e para os cidadãos", no qual serão realizadas ações relacionadas com a política social, o desporto e a cultura.
Lara Méndez adiantou que, durante os trabalhos, a entidade vai preparar as candidaturas do Eixo Atlântico às convocatórias de fundos europeus nos moldes anteriormente definidos e vai continuar a informar sobre os novos programas financeiros da UE, mantendo um canal permanente de comunicação com Bruxelas.
“Trata-se do Eixo Atlântico continuar a crescer em projetos, e sempre com uma visão clara de futuro para que os municípios e as províncias que compõem a Eurorregião tenham ferramentas analíticas de trabalho realmente úteis face aos desafios que se avizinham, sempre – acrescentou - com os objetivos de sermos mais competitivos para alcançar maior desenvolvimento económico nos nossos territórios, alcançar uma sociedade mais justa e equitativa, com menos desigualdades sociais e promover transformações urbanas para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, sendo proativos na luta contra as alterações climáticas, sabendo que as ações de hoje serão a garantia de futuro para as gerações de amanhã", concluiu ainda a alcaldesa Lucense.
Continua-se com o lobby no âmbito das infraestruturas onde as novidades são o acesso a Santa Maria da Feira através da nova linha Lisboa – Porto, a melhoria da linha do Douro, a nova via Bragança – Otero de Sanabria para o acesso do AVE, a conclusão da autoestrada Lugo-Santiago e a construção da autoestrada Ponferrada – O Barco de Valdeorras-Monforte e a sua ligação com a de Lugo – Ourense.
Outro dos objetivos é a promoção da sustentabilidade urbana e a luta contra as alterações climáticas no contexto do desenvolvimento económico conjunto e a aplicação do
programa “Uma Eurorregião dos cidadãos, pelos cidadãos e para os cidadãos” no qual serão desenvolvidas ações relacionadas com a política social, o desporto e a cultura.
Um minuto de Silêncio pela guerra na Ucrânia
Ao meio-dia, a Assembleia-Geral homenageou as vítimas da guerra da Ucrânia com um minuto de silêncio, conflito que completa hoje um ano.
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Para o vice-presidente do Eixo Atlântico e presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio, “esta assembleia acabou por reforçar os êxitos da gestão da presidente Lara Méndez. Quero destacar vários elementos que me parecem importantes: o Eixo continua a crescer com três novas incorporações, o que significa que cada vez mais cidades querem fazer parte do Eixo Atlântico e, isto acontece porque o Eixo é um espaço de colaboração entre as cidades na coesão social, no desenvolvimento económico e na sustentabilidade”.
Ricardo Rio recordou que o Eixo Atlântico está a terminar um relatório sobre descarbonização no território, um dos pioneiros a nível europeu e, também no contexto da internacionalização, com os intercâmbios com a América Latina, o Canadá e a Malásia, em diferentes formas de partilhar experiências, demonstrando que o que se faz aqui, no Eixo, é um bom exemplo para outras cidades do mundo.
Rio destacou que “a união faz a força e, no caso do Eixo Atlântico, temos ganho muito graças a esta colaboração entre as cidades e o território ao longo dos últimos 30 anos”.
Sobre a participação da Orquestra Sinfónica de Braga na inauguração da Capital da Cultura em Lugo, celebrada na noite anterior, afirmou que foi “um espetáculo magnífico em que Braga pôde e vai participar”. Esta participação da cidade de Braga “é a melhor maneira de passar o testemunho de Braga (anterior Capital da Cultura) a Lugo”, concluiu.
O Secretário-geral, Xoan Mao, refletiu sobre o “nível de excelência que a inauguração da Capital da Cultura do Eixo Atlântico teve, o nível de excelência que tem a programação e a importância que vai ter durante estes nove meses para a promoção da cultura e da indústria cultural galega e portuguesa”.
“Em segundo lugar, refletir que isto é uma arma de combate contra o populismo, o fascismo e o extremismo que, por desgraça, está a voltar a minar a Europa e que não são estranhos ao que está a acontecer na Ucrânia, uma vez que todos sabemos que quem provocou a invasão da Ucrânia é quem também alimentou, incluindo financeiramente, partidos que representam posições populistas e protofascistas nas democracias para enfraquecer a União Europeia e, portanto, isso combate-se com a cultura, a educação e a união no trabalho do desenvolvimento de projetos para a cidadania que é exatamente o que hoje foi discutido e aprovado no Eixo Atlântico: projetos para a sustentabilidade, para a qualidade ambiental, para o desenvolvimento urbano, para o repovoamento dos territórios de baixa densidade, para o apoio solidário, para a internacionalização dos países em vias de desenvolvimento e para tudo aquilo que, através da cultura e da educação, pare o fascismo”, concluiu.
Todas as imagens da Assembleia-geral do Eixo Atlântico, neste LINK