Artigo de opinião de José Beleza, Vereador com os Pelouros do Artesanato, Turismo, Ambiente. Mobilidade e Transportes no Município de Barcelos
O Município de Barcelos está a preparar uma estratégia estruturada que elenca uma aposta nos fatores diferenciadores do território, por forma a envolver e valorizar a comunidade local, no âmbito dos problemas decorrentes da candemia Covid 19.
A estratégia a desenvolver está, em primeira estância, comprometida com a sensibilização da população local para esta nova realidade. Não faz sentido pensar num processo de retoma do turismo sem o envolvimento dos locais, na medida que eles são a base de todo o processo de planeamento turístico. Pretende-se, com este envolvimento, que a noção de segurança/confiança seja naturalmente percecionada em primeira estância pelos residentes. Resolvida esta etapa, podemos, em conjunto, pensar na retoma do turismo interno e, posteriormente, do turismo internacional.
Depois do Município de Barcelos ter sido admitido, em 2017, na conceituada Rede das Cidades Criativas da UNESCO, no domínio do artesanato e arte popular, foi, também, distinguido internacionalmente, em 2019, com o Prémio Europeu de 'Destino de Turismo Cultural Sustentável' pela ECTN - European Cultural Tourism Network, em face do contributo do Artesanato e da Arte Popular como caminho para o turismo mais sustentável. Ainda em 2019 é integrado na rede Creative Tourism Network e considerado Creative Friendly Destination, pelo que encontra neste posicionamento da criatividade e sustentabilidade algum conforto para enfrentar as novas contingências, na medida que desenvolve, há alguns anos, um tipo de turismo mais individualizado e sustentável.
Este posicionamento centrado no dialeto da política de turismo cultural e criativo desenvolvido nos últimos anos só é possível com o envolvimento de toda a comunidade criativa numa série de ações e iniciativas tendentes a impulsionar o setor criativo e o fortalecimento dos seus laços com o setor turístico, afirmando a criatividade como alavanca de desenvolvimento.
O turismo cultural e as indústrias criativas são, evidentemente, setores em crescimento em toda Europa e no mundo. Setores que, seguramente, irão moldar o futuro de muitos territórios. Como tal, a aposta na sustentabilidade deste setor revela-se tão essencial para fortalecer a consciencialização europeia e mundial para a aposta em estratégias de desenvolvimento sustentável como forma de assegurar um futuro para o setor do turismo.
Acreditamos que a aposta que temos feito na criatividade tem servido de base para o nascimento de um paradigma de desenvolvimento em Barcelos e em Portugal. Neste domínio Barcelos, foi em 2019, membro fundador da Rede Portuguesa das Cidades Portuguesas das Cidades Criativas da UNESCO, entidade que tem como objetivo capital afirmar a criatividade com eixo de desenvolvimento sustentável.
Temos consciência que as competências criativas do território serão decisivas para a resolução de problemas decorrentes da inovação que o futuro nos exigirá e para o posicionamento imediato face ao novo quadro motivacional. Este é, em nosso entender, o caminho para uma aposta importante num turismo de qualidade, em reação ao paradigma do turismo massificado.
Perante estes pressupostos, a estratégia, no curto e médio prazo, passa por corporizar em ações os princípios atrás referenciados, que se traduzem em:
- Apostar na sensibilização da população e do trade local para a necessidade de se adaptar a esta nova realidade, aos mais diversos níveis;
- Aposta no ecoturismo e no turismo sustentável, potenciando a fruição do território em pequenos grupos e em contacto com a natureza, com as tradições locais e com o património nas suas mais diversas dimensões, destacando, em particular, as áreas do Rio Cávado e do Rio Neiva, montes panorâmicos do concelho e zonas verdes, entre outros locais que ganham neste novo contexto um posicionamento com maior centralidade turística;
- Estruturação de pacotes de turismo criativo e de experiências, com as artes e ofícios tradicionais, gastronomia, vinhos, enoturismo, folclore, festas e romarias e outros argumentos diferenciadores do território, destinado a pequenos grupos, mas bastante flexível, transversal e aplicável, quer na mais pequena oficina artesanal, passando por um alojamento local ou turismo no espaço rural até ao estabelecimento hoteleiro, seja como fator principal de atração ou como complemento a um percurso pedestre ou rota turística. Uma tipologia de ação que tem por objetivo a criatividade, a experiência, em família ou em pequenos grupos em oposição às praticas de turismo massificado;
- Aposta na descentralização turística do território, libertando a pressão da cidade, criando circuitos e itinerários de fruição que potenciem os argumentos do território que se encontram fora das rotas de fruição turísticas tradicionais, nomeadamente em articulação com as ações descritas no ponto anterior;
- Reforço da aposta no turismo verde, potenciando pacotes que englobem as atividades plasmadas nos pontos 2, 3 e 4 e inseri-los nos planos de animação dos stakeholders do mundo rural (empreendimentos turísticos, estabelecimentos de alojamento local, unidades de restauração, empresas de animação turística, centro hípico, produtores de vinho etc). Renovação da rede municipal de percursos pedestres, apostando em percursos com ligação aos argumentos definidos no ponto 2);
- Aposta em city breaks criativos, com pequenos grupos, potenciando a descoberta da cidade em perspetivas inovadoras, potenciando o turismo de família e catapultando o roteiro o “Mundo Maravilhoso do Figurado” que existe na cidade como uma linha estruturante de fruição da cidade e como porta de entrada para a fruição do território criativo das artes e ofícios tradicionais.
Em termos gerais, são estas as grandes linhas de ação que estamos a encetar para retomar a confiança da comunidade local e dos fluxos de procura que buscam o turismo criativo, de experiências, o ecoturismo e o turismo sustentável.